Assine em defesa da Escola Nacional de Circo

Convocamos a sociedade brasileira e, em particular, a classe artística, a somar esforços pela viabilização de um diálogo com as autoridades responsáveis em prol da preservação deste patrimônio material e imaterial do Circo Brasileiro e latino-americano: a Escola Nacional de Circo Luiz Olimecha. Leia a carta manifesto e some-se a este movimento de cidadania em defesa da nossa Escola Nacional de Circo.

Leia a Carta Manifesto na íntegra

Nós, abaixo assinados, representantes dos mais diversos segmentos da classe artística brasileira, vimos por meio desta carta pública expressar nossa preocupação perante uma sequência de decisões do poder executivo no último ano que apontam, de forma inequívoca, para o sucateamento e mesmo o desmantelamento da Escola Nacional de Circo Luiz Olimecha (daqui em diante denominada ENCLO), demonstrando a total ausência de diálogo com a sociedade. 

Em comunicado oficial, emitido em 22/02/2021, o presidente da Funarte, Lamartine Barbosa Holanda, responsável pela ENCLO, informou aos servidores da imediata transferência das ocupações da Funarte para as instalações da Escola, nas instalações especialmente constrídas para seu funcionamento na Praça da bandeira, Rio de Janeiro, onde permaneceria até, pelo menos, 2023 ou na data de conclusão das obras do Palácio Gustavo Capanema. Em tempo, informa-se que na volta às aulas os alunos serão transferidos para um espaço não informado, mas ainda em negociação.

Dita medida, que pega de surpresa toda a comunidade escolar e a classe circense, soma-se a um contexto já complexo e delicado. A falta de planejamento pedagógico e de definição de protocolos de enfrentamento à pandemia para o restabelecimento das aulas, algo que foi obrigatório em todas as instituições de ensino, revela o total desconhecimento do papel da Escola como instituição de ensino e o despreparo e desinteresse dos gestores em manter a ENCLO como espaço de excelência no processo de formação circense. 

Desde março de 2020 as aulas da ENCLO foram suspensas devido à pandemia. Em junho do mesmo ano, o diretor da Escola, Carlos Viana, foi exonerado e, desde então, nenhuma explicação foi dada, nem aos alunos, nem à comunidade artística, nem tampouco à sociedade. Nenhuma medida foi tomada ou sequer proposta para enfrentar a necessidade de continuidade da formação das/os/es estudantes. Nenhum plano foi apresentado e, em dezembro deste ano, a lona de circo foi retirada. 

Vale destacar outros fatores que também provocam nossa indignação: Não está sendo permitida a entrada de professores e alunos às instalações da ENCLO e, para agravar mais ainda a situação dos alunos bolsistas, cujo contrato exige dedicação exclusiva à sua formação, o repasse dessas bolsas está atrasado. É importante salientar que o corpo discente da ENCLO é composto por jovens das mais diversas regiões do país e da nossa América, cuja estadia na cidade do Rio de Janeiro é da responsabilidade da Funarte.

A sequência de atos e decisões da Funarte aqui apresentada parece configurar-se como uma desconstrução programada de um compromisso assumido pelo executivo federal desde 13.05.1982, de preservação de um dos maiores patrimônios do Circo latino-americano, independentemente das diferentes gestões.

A Escola Nacional de Circo Luiz Olimecha (ENCLO) foi fundada em 1982. Durante seus 38 anos de existência, formou aproximadamente 2500 profissionais, tendo destacado papel no incentivo à cultura. Desde 2015 é responsável, em parceria com o Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ), pela organização do Curso Técnico em Arte Circense, formação validada pelo MEC e amplamente reconhecida em âmbito nacional e internacional.

A ENCLO se constitui em um espaço especialmente concebido, na sua arquitetura e equipamentos, para o desenvolvimento da formação circense, na sua pluralidade e diversidade. Assim, as salas de ginástica, a grande lona e seu picadeiro, o grande galpão central, a estrutura de aço reforçada para suportar o peso de vários artistas suspensos simultaneamente, as ancoragens que permitem erguer equipamentos e garantir a segurança dos artistas-em-formação, significaram um investimento milionário para o erário público que, na época da sua construção, representou ainda grande sacrifício para as gerações de formandos. Desta forma, dificilmente o desvio da sua função para abrigar escritórios voltados ao trabalho burocrático da fundação poderia significar uma economia, a não ser sob uma ótica imediatista e limitada, que é preciso superar, e que desejamos questionar.

Hoje, a ENCLO e os Artistas Egressos dela são responsáveis por uma importante contribuição para desenvolvimento das cadeias produtivas da economia da cultura, por meio de coletivos artísticos, companhias, estudos acadêmicos, intercâmbios nacionais e internacionais, construção de novas linguagens artísticas, garantindo a continuidade da herança cultural circense. Tem também importante função social, oferecendo formação profissional de qualidade: são inúmeros os casos de profissionais que viviam em situação de fragilidade social antes de passar por sua formação e hoje, não só ascenderam socialmente, quanto são responsáveis pela geração de empregos diretos e indiretos ligados às artes. 

Considerando o contexto até aqui apresentado, convocamos a sociedade brasileira e, em particular, a classe artística, a não escamotear esforços pela viabilização de um diálogo com as autoridades responsáveis em prol da preservação e fortalecimento do patrimônio material e imaterial do Circo Brasileiro que representa a Escola Nacional de Circo Luiz Olimecha. 

Nesse sentido, solicitamos formalmente ao Presidente da Funarte um compromisso público com os seguintes ítens:

  • Manter a ENCLO nas instalações da Praça da Bandeira;
  • Preservar a integridade das instalações da ENCLO na sua função original;
  • Apresentar plano e protocolo de cuidado em saúde no contexto da pandemia global do novo coronavírus, que garanta a continuidade das atividades de formação;
  • Garantir o caráter público, gratuito e de qualidade da ENCLO evitando qualquer contrato com setor privado para o desenvolvimento das suas atividades;
  • Garantir a continuidade dos programas de fomento à formação e à pesquisa artística por meio do programa de bolsas;
  • Convocar uma comissão de profissionais de reconhecido gabarito para elaboração de um diagnóstico participativo para uma reformulação político-pedagógica do currículo da ENCLO.

Assinam esta carta-manifesto e convocam a sociedade e a classe artística a se somar neste abaixo-assinado…

1. Valdemir de Souza– membro do Colegiado da Rede Circo do Mundo Brasil. Presidente do Circo Laheto, palhaço, ativista político, filósofo e educador popular
2. Dra. Erminia Silva – historiadora, professora e pesquisadora das histórias de circo – Co-Coordenadora do circonteudo.com – Co-Coordenadora do Grupo de Pesquisa em Circo CIRCUS (FEF – UNICAMP)
3. Ana Christina S. V. Olimecha – viúva de Luiz Olimecha, aluna da primeira turma de formandos da ENCLO e 1982, Ex-Professora da ENCLO por mais de 20 anos. Desde 2007 é profissional na Europa.
4. Marcos Teixeira – Ex-Coordenador de Circo da FUNARTE. Ex-Diretor da ENCLO.
5. Zezo Oliveira – artista, pesquisador, Diretor de arte da Cia Kelly Trindade de Circo, Ex-Diretor da ENCLO
6. Alice Viveiros de Castro – diretora e professora circense; Ex-Representante do Circo no Conselho Nacional de Política Cultural, 2006-2012.
7. Sergio Oliveira Coordenador do Festival de Circo de Londrina e da Escola de Circo de Londrina e Presidente do Conselho Gestor da Rede Circo do Mundo Brasil.
8. Rede Circo do Mundo Brasil.
9. Dr. Marco A C Bortoleto – Prof. FEF/Unicamp – Grupo de Pesquisa em Circo CIRCUS (FEF – UNICAMP)
10. Paulo Líbano– Presidente da Associação Londrinense de Circo.
11. Richard Riguetti – palhaço, professor, ator, Diretor Artístico do Grupo OffSina e Coordenador da ESLIPA.
12. Lua Barreto – artista e pesquisadora de circo (Grupo de Pesquisa em Circo Circus-UNICAMP), diretora da Cia Corpo na Contramão
13. Corpo discente da ENCLO Turma-2019/2021
14. Marcelo Marques – artista egresso da ENCLO professor, pesquisador. coordenador do Esparta Arte e Cultura.
15. Dr. Rodrigo Mallet Duprat coordenador circo Escola do Futuro de Goiás em Artes Basileu França, artista Cia Bravata, pesquisador Grupo de Pesquisa em Circo – CIRCUS (FEF – UNICAMP)
16. Claudio Barría Mancilla – Dr. em educação. Ex representante de pesquisadores, escolas de circo e circo social no colegiado nacional de circo do CNPC e sócio honorário da Rede Circo do mundo Brasil.
17. Coletivo Pluriverso.
18. Fátima Pontes, coordenadora executiva e artística da escola pernambucana de circo, atriz e produtora cultural.
19. Dr. Daniel de Carvalho Lopes – Educador de Circo Social, Co-coordenador do Circonteudo.com e integrante do Grupo de Pesquisa em Circo CIRCUS (FEF – UNICAMP).
20. Kadu Oliviê – Artista, Presidente da Associação Companhia Os Kaco – Membro do conselho gestor da Rede Circo do Mundo Brasil e co-fundador da Rede Corpo Bambu.
21. Antonio Carlos Pap Almeida – Artista Formado pela ENC da turma de 2001, Fundador e Coordenador Gera do Projeto CircoLo Social, que atende mais de 500 alunos de Circo Social em Armação dos Buzios já faz 18 anos.
22. Maria Isabel Somme – gestora do colegiado da Rede Circo do Mundo Brasil – Regional Sudeste; Professora universitária; Educadora social no ICA – Instituto de Incentivo à criança e ao adolescente de Mogi Mirim – SP; pesquisadora no tema do Circo Social no Brasil (Grupo de pesquisa em Circo – CIRCUS/ Unicamp).
23. Andrea Vasconcelos produtora cultural, pesquisadora de políticas públicas para o circo e suplente pela linguagem circo no Conselho Estadual de Políticas Culturais do Ceará- CEPC.
24. Adriano Paes Mauriz – Artista, educador e gestor cultural. Fundador do Grupo Pombas Urbanas. Diretor artístico do Grupo Circo teatro Palombar de Cidade Tiradentes. Presidente do Instituto Pombas Urbanas. 
25. Luiz Carlos Vasconcelos – ex-aluno da Escola Nacional de Circo, o palhaço Xuxu, ator e diretor.
26. Karla Concá – palhaça diretora professora pesquisadora da arte da Palhaçaria e cofundadora do grupo de mulheres palhaças As Marias da Graça.
27. Rodrigo Matheus – diretor e artista circense, diretor do Circo Mínimo, integrante do Movimento Circo Diverso – SP.
28. Teatro de Anônimo– grupo carioca fundado em 1986. Tem em seu repertorio espetáculos e oficinas. Criador do Anjos do Picadeiro e Noites de Parangolé.
29. Fábio Freitas. Ator- Palhaço. Integrante do Teatro de Anônimo. Ex aluno da Escola Nacional de Circo.
30. Maria Angélica Gomes – atriz, trapezista, palhaça. Formada pela ENC. Professora de Circo. Fundadora do Teatro de Anônimo. Realizadora e curadora do Encontro Internacional Anjos do Picadeiro.
31. Regina Oliveira – atriz, trapezista, palhaça. Formada pela ENC. Professora de Circo. Fundadora do Teatro de Anônimo. Realizadora e curadora do Encontro Internacional Anjos do Picadeiro.
32. Shirley Britto – Atriz, palhaça e bufona. Integrante do Grupo Teatro de Anônimo. Participou do projeto de reciclagem para atores nas Escola Nacional de Circo.
33. Nehemias Rezende – ex-aluno da Escola Nacional de Circo, Diretor artístico da companhia Irmãos Brothers.
34. Alberto Magalhães– formado com a primeira turma da Escola Nacional de Circo em 1986. Um dos fundadores da Intrépida Trupe e dos Irmãos Brothers.
35. Sergio Machado (Sergio Sergio) ator, palhaço, MC.
36. Intrépida Trupe – companhia carioca que mescla as linguagens do circo, teatro e dança fundada em 1986. Nesses 35 anos criou diversos espetáculos e mantém uma escola de formação nas artes do circo
37. Cleia Silveira – Ex articuladora e co-fundadora da Rede Circo do Mundo Brasil e ex diretora do SAAP/FASE.
38. Beth Martins – atriz, bailarina, trapezista, coreógrafa, professora. Diretora artística e fundadora da Intrépida Trupe.

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